sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Rio Capibaribe será canal de transporte no Recife a partir de março de 2014


Dragagem de 13,9 km do curso começou nesta quinta
 (Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem)

Por Gabriela López, do Blog de Jamildo
Se tudo ocorrer como previsto, a partir de março de 2014 os recifenses poderão utilizar o Rio Capibaribe como canal de transporte público. Após superar um tropeço com o Ministério Público de Pernambuco (MPPE), foi iniciada nesta quinta-feira (17) a dragagem do curso. Avaliado em R$ 101 milhões  o serviço de remoção de restrições à navegabilidade - como lixo, escombros e parte da vegetação - deverá durar 18 meses. Quando o projeto estiver pronto, 12 embarcações deverão transportar cerca de 335 mil passageiros por mês, com a realização de 156 viagens diárias, desafogando as vias terrestres.
Em novembro do ano passado, a promotora de Justiça Belize Câmara recomendou a suspensão da autorização ambiental de dragagem, argumentando que não foi produzido o Estudo de Impacto Ambiental e o Relatório de Impacto Ambiental (EIA/Rima) para a obra e que uma mera autorização não substituia aqueles documentos, exigidos por lei e por resoluções do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). Entretanto, em uma reunião entre representantes do MPPE e da Agência de Meio Ambiente (CPRH) nessa terça (15), ficou acordado que promotores vão analisar um Plano de Controle Ambiental elaborado pela CPRH para ver se seu conteúdo equivale a um Estudo de Impacto Ambiental e o início da dragagem foi "liberado".

trabalho será realizado pelo consórcio ETC&Brasília Guaíba, vencedor do processo licitatório Nº 009/2012, realizado em novembro do ano passado, e será dividido em duas etapas. Primeiro, será retirado o material contaminado (como metais pesados e esgoto) da camada inicial, que será levado para um terreno localizado na BR-101, onde passarão por análise da bacia de contenção e, em seguida, seguem para um aterro sanitário. Em seguida, será feita a retirada dos objetos não contaminados com uma escavadeira, os quais serão despejados no bota-fora oceânico, a uma distância de seis milhas báutica da costa litorânea.

Moradora do entorno do Parque de Santana, na Zona Norte da capital, onde ocorreu a cerimônia de início da dragagem, a jornalista Adriana Areias, 24 anos, demonstrou otimismo com o projeto. "Vai desafogar bastante o trânsito e melhorar o meio ambiente, já que as pessoas vão deixar os carros em casa. Hoje, eu demoro uma hora e meia para ir ao Centro. Já vi que tem uma estação lá, então acho que vou otimizar o tempo", contou.

Ao mesmo tempo, ela observou que o varredor responsável pela limpeza do parque próximo à área onde foi montado um palco para os discursos do governador Eduardo Campos (PSB) e do prefeito do Recife, Geraldo Julio (PSB), estava jogando os entulhos na direção do rio. "Só porque o governador vem aqui tem que jogar o lixo no rio?", reclamou.

Já o líder comunitário da Vila Santa Luzia, 35 anos, alertou para o fato de que a população que mora em palafitas da terceita etapa da comunidade Abençoada por Deus, às margens do Capibaribe, espera ser retirada da área para um habitacional, cujo projeto sequer foi elaborado. "As família da primeira etapa já estão em um habitacional. As da segunda estão esperando o habitacional ficar pronto, mas pelo menos estão recebendo auxílio-moradia", explicou.

Ele também disse que pleiteia com a Secretaria das Cidades para que os trabalhadores recrutados para as obras das estações sejam das comunidades do entorno. O projeto abrangerá oito áreas da capital pernambucana: Santo Antônio, São José, Boa Vista, Santo Amaro, Centro, Derby, Torre e Apipucos.

No próximo mês, o Governo do Estado começará o processo de licitação para a construção das sete estações de embarque e desembarque de passageiros. Os terminais serão construídos em locais que permitam a integração com os sistemas de ônibus e metrô e terão guichês para emissão de bilhetes, banheiros, estacionamento e bicicletário.

Veja as estações: