quinta-feira, 14 de abril de 2011

Alimentação influencia QI e aprendizado nas escolas. Assunto é tema de fórum

Crianças que são alimentadas, desde o início da vida, com uma dieta regrada e saudável, desenvolvem até dois pontos a mais de quociente de inteligência, o Q.I., em relação a crianças de mesma idade que se alimentam ricamente de gorduras e açúcares. A pesquisa, da Universidade de Bristol, na Inglaterra, é um dos principais pontos de discussão que permeiam o lançamento do 7º Fórum Nacional de Alimentação Escolar, lançado nesta quinta-feira, no Recife. 

O desafio em buscar esse desenvolvimento intelectual põe em xeque os métodos de nutrição que vêm sendo utilizados, bem como o conceito de criança ‘nutrida’. A desnutrição crônica, por exemplo, que há alguns anos chegou ao nível de assustadores 20%, no ano passado atingiu o patamar de 7%. Por outro lado, 33% das crianças entre 5 e 9 anos apresentam sobrepeso e 14% destas, já são consideradas obesas. Os dados são da Federação Nacional das Empresas de Refeições Coletivas (Fenerc).

De acordo com o o presidente da organização, Rogério da Costa Vieira, o papel das mais de 250 mil escolas públicas do país deve ser questionado, especialmente no que diz respeito à sua suposta função máxima, a de ‘educar’. “Hoje, o colégio vai muito além de ser o provedor do conhecimento. Muitas crianças têm, naquela merenda, a principal refeição do dia e ela pode ser determinante no que diz respeito à produtividade em sala de aula”, defende.

Ao todo, 46 milhões de alunos estão registrados em escolas públicas brasileiras, enquanto outros 10 milhões estão na rede particular. A diferença entre as duas se dá na medida de quantidade e qualidade. Hoje são disponibilizadas 11 milhões de refeições diárias para as crianças, menos de 25% do necessário, em um mercado que já movimenta R$ 16 bilhões por ano. Na rede particular, o problema seria quanto à qualidade. 

“Quando aumenta a renda do indivíduo, há um consumo maior de produtos industrializados, as pessoas vão mais a restaurantes e passam a ser adeptas das ‘comidas prontas’. Isso fica ainda mais sensível diante da nova configuração social, em que a mulher deixou de estar à frente da cozinha o tempo inteiro e tem profissão definida no mercado”, completa Vieira.

O evento, realizado nos dias 19 e 20 de maio, reúne gestores públicos, secretários de educação e nutrólogos de todo o país, com o objetivo de traçar o modelo ideal de nutrição nas escolas. O consenso entre nutricionista aponta que o prato ‘ideal’ numa merenda deve conter um mínimo de 800 calorias por aluno, priorizando carnes e peixes (proteínas), alimentos reguladores (verduras, legumes e frutas) e, por fim, carboidratos (massas e cereais, como o arroz). “O próprio modelo, que serve de complemento alimentar, mas não supre a base alimentar completa ideal, é que pode ser revisto, já que esta, muitas vezes, acaba sendo a principal refeição dos alunos”, conclui.

Por Ed Wanderley

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