segunda-feira, 4 de abril de 2011

Complemento x adjunto

Quem acompanha esta coluna sabe que evitamos o “nomenclaturismo gramatical”. Aquela história de aprender a identificar um “agente da passiva”, uma “oração subordinada substantiva objetiva direta”... Somos rigorosamente contra essa forma de ensino da língua portuguesa. Mas hoje vamos abrir uma exceção. Tudo porque a jovem Larissa Alves, 14 anos, nos enviou uma mensagem em que fez um pedido: “Professor Laércio, por favor, me ensine a saber a diferença entre um adjunto adnominal e um complemento nominal”.

Por ser estudante do 8º ano do ensino fundamental, esse conteúdo está sendo cobrado a Larissa. A nosso ver, saber diferenciar um adjunto adnominal de um complemento só tem utilidade quando esse conhecimento é vinculado à produção de texto. Ou seja, quando o conhecimento do que é um sujeito, um objeto, um adjunto, ajuda o aluno a produzir bons textos. O professor, portanto, precisa associar o ensino de sintaxe à produção textual.

Posto isso, vamos atender ao pedido de Larissa: cara leitora, antes de tudo você precisa saber que o complemento nominal, como o próprio nome diz, completa o significado de um nome, ao passo que o adjunto é apenas um termo acessório, não é necessário para dar sentido ao nome.

O complemento nominal sempre é iniciado por preposição, o adjunto, às vezes. Quando o adjunto não é iniciado por preposição, é tranquilo, não existe a confusão complemento/adjunto. Mas, quando é, surgem os casos em que o aluno tem dificuldade para distinguir esses dois termos.

» DESAFIO AO LEITOR

» O verbo “aprazer” está corretamente conjugado em:

a) Ontem eu me aprazi olhando a Lua.

b) Ontem eu me aprouve olhando a Lua.

c) As duas formas estão corretas.

Tire suas dúvidas

Complemento x adjunto (2)

Para não ter essa dificuldade, o estudante tem de ficar atento às diferenças entre o complemento nominal e o adjunto adnominal.

PRIMEIRA DIFERENÇA: o complemento nominal se liga a substantivos abstratos, a adjetivos e a advérbios, o adjunto se liga a substantivos, que podem ser abstratos ou concretos.

SEGUNDA DIFERENÇA: o complemento nominal tem sentido passivo, ou seja, recebe a ação expressa pelo nome a que se liga, o adjunto tem sentido ativo, isto é, ele pratica a ação expressa pelo substantivo modificado por ele.

TERCEIRA DIFERENÇA: o complemento não expressa ideia de posse, o adjunto frequentemente indica posse.

Complemento x adjunto (3)

Vamos agora praticar essa teoria: “As casas de madeira são ótimas no inverno”.

“De madeira” é complemento nominal ou adjunto?

Lembra-se do que dissemos na “primeira diferença”? O complemento nominal se liga exclusivamente a substantivos abstratos. “De madeira” está modificando um substantivo concreto, “casas”. Logo, “de madeira” é adjunto adnominal.

Mais um exemplo: “A fuga do ladrão foi ousada”.

Há neste caso ideia de posse: “do ladrão” é, portanto, adjunto adnominal.

No blog Português na Rede (www.portuguesnarede.com)continuamos este texto e damos mais exemplos.

A pergunta que não quer calar

Como finalmente se pronuncia a palavra “recorde”? (Elias Martins – Recife-PE)

Resposta

A palavra “recorde” é paroxítona, ou seja, a sílaba tônica é a penúltima, “-cor”. Existe também a variante “récorde”, proparoxítona e com acento no “e” inicial.

Resposta do desafio

Tradicionalmente o verbo “aprazer” é irregular no pretérito (e nos derivados deste): eu aprouve, ele aprouve, nós aprouvemos, eles aprouveram. Hoje, porém, se aceita a conjugação regular no pretérito desse verbo: eu aprazi, ele aprazeu, nós aprazemos, eles aprazeram. Letra “c” é, portanto, a resposta correta.


LAÉRCIO LUTIBERGUE

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