quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Panamazônia sofre com mudanças climáticas

                       Seca histórica no Rio Negro, região do Amazonas, 2010. (Crédito: Paulo Adário/Greenpeace)



Tem-se dito que o controle do desmatamento na Amazônia é fundamental para deter as mudanças climáticas, já que a floresta contém aproximadamente 100 bilhões de toneladas de carbono, o equivalente a mais de 10 anos de emissões globais de combustíveis fósseis. Por outro lado, o aumento na temperatura do planeta tem afetado a Amazônia. Nos diferentes países da região já se registram modificações nos ciclos de chuva que parecem estar ligados às mudanças do clima com prejuízos à fauna, flora e modos de vida da população local.

Diversos cientistas falam sobre estas transformações, agravadas por fatores como queimadas e avanço da fronteira agrícola. A região corre o risco de perder completamente suas florestas e se converter em savana, com impactos sobre a biodiversidade. Na Colômbia, as temporadas de seca são cada vez mais frequentes e extensas. Em localidades dependentes de rios, isso significa problemas de transporte, escassez de alimentos, comunidades sem comunicação e doenças.

Jader Muñoz, geólogo e professor da Universidade da Amazônia em Florencia (Caquetá) explica que em sua região chove menos, mas com mais força e que os deslizamentos nas zonas montanhosas aumentaram por causa do desmatamento. “O clima está louco”, diz Octavio Villa, sociólogo e também professor da universidade. “Com a alteração dos regimes de chuvas já não se sabe quando plantar, colher ou quando é tempo de caçar”, diz.


Uma região mais resiliente do que se pensava? Caso Brasil


Estudos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e do Met Office Hadley Centre do Reino Unido sobre os riscos das mudanças climáticas no Brasil indicam que para as próximas décadas existe o risco de uma mudança abrupta e irreversível em parte ou talvez em toda a Amazônia. Só nos últimos cinco anos ocorreram duas grandes secas e uma das piores inundações da região no país. Estes eventos afetaram a agricultura, o transporte, a energia hidráulica e a saúde pública.

No entanto, outro estudo publicado em janeiro de 2012 por pesquisadores brasileiros na revista Nature indica que a floresta poderia ser mais capaz de lidar e se adaptar às mudanças climáticas do que se pensava. Carlos Souza, um dos autores da publicação, faz uma ressalva. De acordo com ele, “esta resiliência poderia ser ameaçada pela superposição entre fenômenos climáticos naturais (como secas prolongadas), consequências das mudanças climáticas (secas mais frequentes e efeitos do El Niño mais intensos) e outros impactos gerados pelo homem (como as queimadas)”.