segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Vestibulandos, concurseiros e alunos com a "letra feia" procuram aulas de caligrafia em SP



Suellen Smosinski
Do UOL, em São Paulo

Há quase 100 anos a família De Franco se dedica ao ensino da caligrafia. Eles já tiveram mais de uma escola na capital paulista - hoje, apenas uma unidade continua funcionando. Mas, será que em um “mundo cada vez mais conectado”, em que crianças interagem logo cedo com tablets e computadores, alguém ainda se preocupa em ter uma boa letra? Em meio a pilhas de exercícios de caligrafia, a resposta para o professor Antônio De Franco Neto é sim.
 
“Eu considero a tese de substituição da escrita pelas teclas do computador um erro crasso. Se isso acontecer e daqui a dez anos faltar o computador, as pessoas não vão saber nem segurar uma caneta”, afirmou De Franco. “A pessoa se comunica ou falando ou escrevendo. Quem tem uma letra feia, tem 50% da sua comunicação prejudicada”, completou.
 
Segundo o professor, a escola tem uma média de 1.000 alunos por ano. Ele estima que pelo menos metade dos estudantes são vestibulandos: “Uma letra bonita, não que vai melhorar a nota, mas faz com que o examinador tenha um entendimento melhor da capacidade do vestibulando. Um professor com três mil provas para corrigir não vai poder se dar ao luxo de tentar interpretar o que a pessoa quis dizer”, afirmou.

Pessoas que costumam prestar concursos públicos, conhecidos como concurseiros, também estão entre os interessados nas aulas. “Como eu faço muito concurso, sentia falta de uma letra melhor. Sempre pensei em fazer o curso, mas deixava pra lá. Minha letra é muito feia, precisei tomar um pouco de vergonha na cara”, contou Karen Sato, 34, funcionária pública, que começou as aulas de caligrafia há menos de um mês e já sente diferença na escrita.

O estudante Rodrigo Alves, 13, que está na 7ª série, teve sua primeira aula de caligrafia no dia 28 de agosto. “Ele reclamou que a professora dava nota baixa porque não entendia a letra dele”, contou Lidia Alves, 50, mãe do aluno. Ela acredita que antigamente as escolas davam mais atenção para a caligrafia e diz que por mais que “exista o computador, a escrita é eterna”