Negócio já fatura mais de R$ 1 milhão ao levar turistas para a Europa e agora oferece serviço semelhante na capital
O interesse do paulistano pelas ciclofaixas – que só abrem aos finais
de semana e feriados e chegam a atrair 120 mil pessoas por dia –
despertou a atenção da empresária Adriana Kroehne, dona da Bike
Expedition. Ela acaba de lançar um passeio monitorado pela capital
paulista e usa como rota um percurso de 30 quilômetros que se estende
pela região central da cidade.
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Os alvos de Adriana são empresas em busca de experiências e
ações de relacionamento para executivos e clientes – brasileiros ou não.
A ideia, diz a empreendedora, é correr para marcar posição em um setor
cuja demanda começou a ganhar
corpo nos últimos seis anos por conta da
tendência global de usar a
bicicleta como alternativa de transporte em grandes cidades.
“Esse é um produto com demanda no mundo inteiro, mas que
sempre foi inviável em São Paulo por falta de estrutura. A gente
simplesmente não quer colocar as pessoas em cima de bicicletas durante a
semana e no meio do trânsito”, afirma Adriana, que há onze anos
organiza pedaladas para turistas brasileiros em viagens à Europa.
O negócio ainda ocupa espaço incipiente nos resultados da
pequena empresa, que neste ano vai faturar R$ 1,2 milhão após levar 30
grupos de até 12 pessoas a destinos como a Provença, no sudeste da
França, ou Toscana, que integra províncias italianas famosas como Siena,
Florença e Pisa.
Lançado há menos de um mês,
o
passeio por São Paulo dura três horas e custa R$ 180, incluindo o
empréstimo da bicicleta, os acessórios de segurança e regalias como
frutas, água, isotônicos e até um veículo - ele acompanha os ciclistas para que os mais casados possam relaxar.
“A dinâmica não é diferente dos nossos passeios na Europa.
Montamos uma estrutura com guia, mecânico e um carro de apoio. No caso,
levamos uma van com duas mesas montadas com alimentos e bebidas”, conta
Adriana, que não gastou nada para lançar o produto. “O que teria de
investir, para conhecer o mercado, fazer levantamentos, estudo de
mercado, entrar nas agências, isso tudo a gente já tem”, destaca.
Negócio. Para Andrea Nakane, coordenadora da
graduação de turismo da Universidade Anhembi Morumbi, a aposta em
faturar com pedaladas por São Paulo
tende a ser um negócio promissor,
embora a empresa de Adriana Kroehne arque com os ônus de iniciar o
modelo de negócio no Brasil.
“É um mercado a ser iniciado. A gente acredita que a evolução
do
cicloturismo demora a acontecer no País por conta da falta de
infraestrutura. Mas é uma forte tendência no desenvolvimento de produtos turísticos, ainda não em
São Paulo, mas no Rio de Janeiro, Fortaleza, Recife e Curitiba”, afirma.
Segundo ela, há uma expectativa entre especialistas que o
País, à sua maneira, siga o que acontece principalmente na Ásia e
Europa, onde o uso de bicicletas como veículo de locomoção do turista é
fortemente disseminado.
“A ciclofaixa deve ajudar nesse movimento. A gente brinca que
visitar Amsterdã e não passear na cidade sobre as duas rodas da
bicicleta é como ir a Roma e não ver o Papa. Andar de bicicleta por lá
já se tornou uma verdadeira atração turística disponível para o
visitante”, afirma.
Malha. De acordo com a Companhia de
Engenharia de Tráfego (CET), São Paulo tem 230 quilômetros de malha
cicloviária, entre ciclovias e ciclofaixas. Números do Ministério das
Cidades apontam para 2,5 mil quilômetros de ciclovias e ciclofaixas no
Brasil, para um total de 75 milhões de bicicletas.
Renato Jakitas, Estadão PME