quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Empresária transforma ciclofaixa em rota turística no centro de São Paulo


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Negócio já fatura mais de R$ 1 milhão ao levar turistas para a Europa e agora oferece serviço semelhante na capital



O interesse do paulistano pelas ciclofaixas – que só abrem aos finais de semana e feriados e chegam a atrair 120 mil pessoas por dia – despertou a atenção da empresária Adriana Kroehne, dona da Bike Expedition. Ela acaba de lançar um passeio monitorado pela capital paulista e usa como rota um percurso de 30 quilômetros que se estende pela região central da cidade.
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Os alvos de Adriana são empresas em busca de experiências e ações de relacionamento para executivos e clientes – brasileiros ou não. A ideia, diz a empreendedora, é correr para marcar posição em um setor cuja demanda começou a ganhar corpo nos últimos seis anos por conta da tendência global de usar a bicicleta como alternativa de transporte em grandes cidades.

“Esse é um produto com demanda no mundo inteiro, mas que sempre foi inviável em São Paulo por falta de estrutura. A gente simplesmente não quer colocar as pessoas em cima de bicicletas durante a semana e no meio do trânsito”, afirma Adriana, que há onze anos organiza pedaladas para turistas brasileiros em viagens à Europa.

O negócio ainda ocupa espaço incipiente nos resultados da pequena empresa, que neste ano vai faturar R$ 1,2 milhão após levar 30 grupos de até 12 pessoas a destinos como a Provença, no sudeste da França, ou Toscana, que integra províncias italianas famosas como Siena, Florença e Pisa.


Lançado há menos de um mês, o passeio por São Paulo dura três horas e custa R$ 180, incluindo o empréstimo da bicicleta, os acessórios de segurança e regalias como frutas, água, isotônicos e até um veículo - ele acompanha os ciclistas para que os mais casados possam relaxar.
 
“A dinâmica não é diferente dos nossos passeios na Europa. Montamos uma estrutura com guia, mecânico e um carro de apoio. No caso, levamos uma van com duas mesas montadas com alimentos e bebidas”, conta Adriana, que não gastou nada para lançar o produto. “O que teria de investir, para conhecer o mercado, fazer levantamentos, estudo de mercado, entrar nas agências, isso tudo a gente já tem”, destaca.

Negócio. Para Andrea Nakane, coordenadora da graduação de turismo da Universidade Anhembi Morumbi, a aposta em faturar com pedaladas por São Paulo tende a ser um negócio promissor, embora a empresa de Adriana Kroehne arque com os ônus de iniciar o modelo de negócio no Brasil.
“É um mercado a ser iniciado. A gente acredita que a evolução do cicloturismo demora a acontecer no País por conta da falta de infraestrutura. Mas é uma forte tendência no desenvolvimento de produtos turísticos, ainda não em São Paulo, mas no Rio de Janeiro, Fortaleza, Recife e Curitiba”, afirma.

Segundo ela, há uma expectativa entre especialistas que o País, à sua maneira, siga o que acontece principalmente na Ásia e Europa, onde o uso de bicicletas como veículo de locomoção do turista é fortemente disseminado.

“A ciclofaixa deve ajudar nesse movimento. A gente brinca que visitar Amsterdã e não passear na cidade sobre as duas rodas da bicicleta é como ir a Roma e não ver o Papa. Andar de bicicleta por lá já se tornou uma verdadeira atração turística disponível para o visitante”, afirma.

Malha. De acordo com a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), São Paulo tem 230 quilômetros de malha cicloviária, entre ciclovias e ciclofaixas. Números do Ministério das Cidades apontam para 2,5 mil quilômetros de ciclovias e ciclofaixas no Brasil, para um total de 75 milhões de bicicletas.

Renato Jakitas, Estadão PME

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