sexta-feira, 8 de junho de 2012

Nasa descobre fitoplâncton debaixo do gelo do Ártico


Uma missão da Nasa descobriu uma enorme quantidade de fitoplâncton, algas vitais para a cadeia alimentar dos oceanos, no lugar menos esperado: debaixo do gelo do Ártico, segundo um estudo publicado esta quinta-feira pela revista Science.

Uma equipe da Nasa foi enviada ao mar de Chukchi, litoral do Alasca, noroeste do continente americano, onde encontrou uma biomassa de fitoplâncton que se estende por 100 km na plataforma de gelo, informou o chefe da missão, Kevin Arrigo.

"Ficamos atônitos. Foi completamente inesperado. Foi, literalmente, o florescimento de fitoplâncton mais intenso que vi nos 25 anos que faço este tipo de pesquisa", afirmou o cientista da Universidade de Stanford, na Califórnia.

"Como os tomates numa horta, todo fitoplâncton requer luz e nutrientes para crescer", explicou Arrigo. "Supunha-se que havia muito pouca luz debaixo do gelo e não esperávamos ver muitas destas algas".

Para a missão, chamada "Impacto da Mudança Climática nos Ecossistemas e a Química do Meio Ambiente Ártico do Pacífico" (ICESCAPE), os cientistas realizaram expedições entre junho e julho de 2010 e 2011.

Arrigo disse que a descoberta provocou uma mudança fundamental na compreensão do ecossistema do Ártico, que era considerado frio e desolado.

Esta pode ser a maior concentração de fitoplâncton do mundo, afirmou Arrigo, que se surpreendeu que tenha crescido sob uma camada de gelo marinho tão grossa quanto a altura de uma criança de cinco anos.

Esta descoberta sugere que o Oceano Ártico é mais produtivo do que se acreditava, apesar de serem necessários mais estudos para determinar como este fitoplâncton sob o gelo influi nos ecossistemas locais.
Fonte: AFP

Relatório aponta pouco avanço em metas ambientais


RIO - Das 90 metas ambientais mais importantes traçadas pelos países nos últimos 40 anos, só quatro avançaram significativamente. Divulgada na quarta (6), a conclusão do Panorama Ambiental Global (GEO-5), análise cuidadosa feita por cientistas de todo o mundo a cada cinco anos, e coordenada pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), fez soar o alerta a uma semana da Rio+20: de nada adiantam os acordos se não houver prazos, monitoramento e cobrança.
O relatório, que consumiu dois anos e meio de trabalho de mais de 300 especialistas, aponta desafios já conhecidos, como as mudanças climáticas (há perspectiva de aumento de três graus ou mais na temperatura global até o fim do século), a perda progressiva de biodiversidade (cerca de 20% das espécies de vertebrados estão ameaçadas) e a escassez de água (mais de 600 milhões de pessoas não terão acesso à água potável segura até 2015).
O diagnóstico será enviado aos mais de 180 representantes de governos presentes à Rio+20. A ONU espera que os dados - em sua maioria, alarmantes, apesar de alguns aspectos positivos na comparação com os GEOs anteriores, como a redução do desmatamento na Amazônia e o esforço chinês para o reflorestamento, a diminuição da poluição do ar e os investimentos em energias renováveis - impactem as decisões. No entanto, não há garantias..
Entre as 90 metas, as quatro bem sucedidas foram o fim da produção de substâncias que destroem a camada de ozônio, a eliminação do uso do chumbo em comestíveis, a melhoria do acesso à água e o incremento nas pesquisas para reduzir a poluição. Já nas áreas de preservação de estoques de peixes e de freio nos processos de desertificação, secas e de mudanças climáticas não houve avanço. Em 24 metas verificou-se pouco ou nenhum avanço e em oito, entre elas a relacionada às condições dos recifes de coral no mundo, uma piora do quadro em relação aos relatórios anteriores.
O momento é, portanto, de urgência na reversão de danos e do modelo de desenvolvimento atual para um que contemple a sustentabilidade. Para tanto, o GEO-5 explicita a necessidade de objetivos claros, de curto e longo prazo, com previsão de sanções - justamente um dos pontos frágeis da Rio+20. Segundo o relatório, decisões acertadas de governos são responsáveis por 39% das políticas que se provaram bem sucedidas; enquanto isso, dependem de empresas e das comunidades apenas 22% delas.
"Não tivemos mais avanços porque os governos não abraçaram o desenvolvimento sustentável. Essa é a primeira vez em que, desde o início da discussão, as áreas econômica e ambiental estão juntas", apontou Henrietta Elizabeth Thompson, coordenadora executiva da ONU para a Rio+20. O capítulo dedicado à América Latina e Caribe - região detentora de um terço da água do planeta e um quarto das florestas - lista como maior problema a ser combatido a desigualdade social.
Por Roberta Pennafort (Agência Estado)