domingo, 29 de maio de 2011

-SUAPE-Os impactos do 3º estaleiro







A construção do Estaleiro Construcap, terceiro empreendimento do polo naval de Suape, vai provocar a supressão de 27,93 hectares de mangue na Ilha de Tatuoca, onde será instalada a planta naval. A constatação está no relatório de impacto ambiental complementar (Rima Complementar) apresentado, ontem, na audiência pública realizada pela Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH). O encontro aconteceu no Clube Municipal de Ipojuca e reuniu representantes de comunidades da vizinhança de Suape, pescadores e ambientalistas.
Elaborado pelo escritório Moraes & Albuquerque Advogados e Consultores, – mesma empresa contratada pelo Estaleiro Promar S.A.–, o Rima Complementar apontou sete impactos ambientais na fase de implantação e outros oito na fase de operação. Na etapa de implantação, as intervenções no meio ambiente vão desde riscos de alteração da qualidade da água e do ar, passando por risco de poluição e a destruição de sítios arqueológicos na região.
Quando estiver operando, o estaleiro vai impactar a qualidade da água, em função do lançamento de esgoto e resíduos industriais, além de alterar a fauna e a flora por conta da introdução de espécies exóticas e invasoras. A coordenadora técnica do Rima Complementar, Eliane Bryon, destacou que as compensações ambientais propostas para a supressão da vegetação de mangue será o plantio de 55,8 hectares de vegetação em outra área, mas não informou onde, mesmo sendo questionada várias vezes pelos espectadores. Além do plantio, o empreendedor também se comprometerá a aplicar 0,5% do valor total do empreendimento (estimado em US$ 450 milhões) em unidades de conservação. A destinação dos recursos será definida pela CPRH.
INDIGNAÇÃO
A audiência pública serviu como desabafo para os moradores das comunidades de Suape. Indignados e até mesmo exaltados, os representantes da população foram ouvidos sob o olhar de enfado dos que representavam a mesa, que chegavam a bocejar.
“Viajei 200 quilômetros de Jacumã (na Paraíba), onde estou morando temporariamente, até aqui para fazer um desabafo, porque não tenho esperança no resultado dessa audiência. O empreendedor e a CPRH estão aqui apenas para cumprir uma formalidade e legitimar os interesses deles. Isso aqui não é um espaço para discussão”, afirmou o presidente do movimento Salve Maracaípe, Marcos Pereira. Apesar de ter feito vários questionamentos aos representantes da mesa, só teve uma pergunta respondida. Marcos também lembrou que a lei de supressão de vegetação em Suape está subjúdice e que os estaleiros só poderão derrubar o mangue após o desfecho da ação judicial, impetrada em conjunto pelos ministérios públicos estadual e federal.
Durante a audiência, muitos pescadores responderam à afirmação da coordenadora técnica do Rima de que a pesca na região de Suape era uma atividade econômica complementar e que teria um caráter mais cultural do que de geração de renda. “Tenho 46 anos e pesco desde os meus 11. Meu barco é registrado e tem 24 anos trabalhando nessa região”, afirmou o presidente da colônia de pescadores Z-8 do Cabo, Laílson Evangelista.

Publicado no Jornal do Commercio, em 27.05.2011. Por  Adriana Guarda, da equipe de Economia

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