SÃO PAULO - Os pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) descobriram uma nova espécie de mamífero. Batizada com o nome científico de Cerradomys goytaca, a espécie já ganhou também o nome popular de ratinho-goytacá.
O nome se deve ao fato de a espécie estar restrita à região litorânea do norte do Rio de Janeiro, antigamente habitada pelos índios goytacazes. Estudos morfológicos e genéticos conduzidos pelos pesquisadores mostraram que as espécies mais aparentadas ao ratinho-goytacá estão no cerrado e, por isso,Cerradomys que quer dizer rato do Cerrado.
A descoberta foi feita no Parque Nacional Restinga de Jurubatiba, unidade de conservação fluminense gerida pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) Novos estudos serão desenvolvidos para entender sua origem evolutiva, ecologia, comportamento e como as transformações regionais causadas pelo homem poderão afetar as populações do animal.
A descoberta contrariou as expectativas de que toda a fauna das restingas teria fortes conexões com a da Mata Atlântica. Apesar das diferenças entre os dois meios, pesquisas científicas realizadas até então mostravam que as espécies de mamíferos das restingas eram as mesmas encontradas nas florestas atlânticas adjacentes. Tal hipótese, porém, caiu por terra com a descoberta dessa nova espécie de roedor.
O ratinho-goitacá habita preferencialmente as moitas de Clusia, a árvore mais comum na parte mais aberta da restinga, ao contrário de outros mamíferos de pequeno porte que preferem as matas mais úmidas. Durante o dia ele permanece em seu ninho em meio às bromélias ou mesmo nos galhos da Clusia. Já à noite ele sai para realizar suas atividades e se alimenta de coquinhos do guriri ou juruba, famosa palmeirinha que deu nome ao parque. O ratinho-goitacá é um dos principais consumidores e dispersores.
Segundo o chefe do parque, Carlos Alexandre Fortuna, a consolidação do Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba e o progressivo fortalecimento da UFRJ em Macaé têm contribuído para um avanço científico sem precedentes no conhecimento sobre a biodiversidade preservada nas restingas da região. "Alguns avanços são representados pelo crescente reconhecimento das restingas como berçários de novas espécies na Mata Atlântica, especialmente de pequenos mamíferos, reforçando a necessidade de preservá-las", disse Fortuna.
Por Marcela Gonsalves (Agência Estado).
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