RIO, 31 (AG) - A região de maior produção de petróleo e gás natural do Brasil também está gerando conhecimento científico. Quatro espécies inéditas de peixes foram descobertas na Bacia de Campos por pesquisadores do Projeto Habitats. Como nunca foram descritos por cientistas, os peixes ainda não estão catalogados e, portanto, não têm nome. O estudo observou também 22 espécies cuja presença na região não era conhecida. Cinco delas representam novas ocorrências para o Brasil, como a Acanthocaenus luetkenii e a Rhinochimaera atlantica (quimera-de-focinho-longo).
O Habitats faz parte do Projeto de Caracterização Ambiental Regional da Bacia de Campos, cujo relatório foi entregue ao Ibama na semana passada. As pesquisas começaram em 2007 e são patrocinadas pela Petrobras, que investiu R$ 40 milhões para os estudos em uma área de cem quilômetros quadrados. As informações levantadas permitirão conhecer melhor e monitorar os impactos ambientais na região. O coordenador geral de Petróleo e Gás do Ibama, Cristiano Vilardo, explica que o investimento faz parte de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), como parte do processo de licenciamento da empresa estatal.
— O estudo é absolutamente inovador e produziu uma grande fotografia da Bacia de Campos. Além das quatro novas espécies de peixes, deve haver ainda mais de microorganismos. Ter informações confiáveis é fundamental para saber os impactos da atividade petrolífera. Entendendo melhor o ambiente, conseguiremos traçar estratégias diferenciadas, inclusive a criação de unidades de conservação — disse.
O Ibama deverá publicar todo o estudo, que é georreferenciado. Para pesquisadores, mais importante do que descobrir peixes novos é saber o comportamento das comunidades do local, que são interdependentes e fazem parte de cadeias alimentares. — No caso dos peixes, a Bacia de Campos é ocupada por diferentes comunidades.
Pelo menos cinco são bastante distintas. Então, deveremos representar as cinco comunidades para preservar a biodiversidade local. Não apenas visando ao agrupamento de espécies, mas também preservando toda a cadeia alimentar. Ou seja, a relação entre predador e presa — comentou Paulo Costa, especialista em peixes de oceano profundo, professor da UniRio e coordenador do levantamento de peixes do Projeto Habitats.
São tantas as informações que deverá ser preciso mais um ano para analisá-las. O segundo passo será integrar todos os dados e, por fim, gerar planos de monitoramento ambiental, cuja implantação ainda está sendo negociada entre o Ibama e a Petrobras.
— Fizemos a caracterização ambiental de uma região. Assim, teremos como escolher indicadores ambientais para avaliar se houve impacto ambiental ou não — disse Anna Maria Scofano, oceanógrafa da Petrobras.
Texto de Cláudio Motta (Agência Globo)
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