O primeiro-ministro português, Pedro Passos Coelho, anunciou nesta quinta-feira novos cortes no orçamento do país para o ano de 2012.
As medidas incluem o fim do 13º e do 14º salário dos funcionários públicos e dos aposentados portugueses que recebem mais de mil euros, além do aumento de meia hora na jornada de trabalho sem compensação salarial.As medidas também afetarão os cidadãos que pagam o maior imposto de renda, já que eles vão perder o direito de descontar despesas de saúde e educação. O governo divulgou ainda uma lista de produtos que terá maiores impostos.
"Vivemos num momento de emergência. Quando tomei posse, em meados deste ano, cerca de 70% do deficit para o final do ano já fora esgotado. Em consequência, o ajuste tem que ser mais profundo. Temos agora que fazer mais, muito mais, do que estava inicialmente estabelecido", disse Coelho.
Fatores negativos
Segundo o primeiro-ministro, as medidas evitarão que o país fique sem condições de manter o programa de resgate do Fundo Monetário Internacional, da Comissão Europeia e do Banco Central Europeu."Se nos víssemos privados da assistência externa, teríamos de enfrentar imediatamente uma situação em que estaria em jogo o pagamento de salários e a importação de bens essenciais. Teríamos uma demissão indiscriminada de funcionários públicos", explicou.
Coelho, que assumiu o poder em junho, afirmou que as medidas são consequência de uma conjugação de fatores negativos, como a explosão do deficit português e o agravamento da crise internacional.
Além disso, o governo português encontrou desvios na execução do orçamento de 2011 superiores a 3 bilhões de euros.
Menos feriados
O premiê disse ainda que as medidas destinam-se a manter os empregos e aumentar a produtividade. O governo planeja também uma diminuição do número de feriados no país, que será negociada com a Igreja católica."As medidas que constam do orçamento são a resposta mais prudente às ameaças de uma espiral descendente e de uma paralisação dos serviços do Estado", afirmou.
Coelho garantiu que o corte do 13º e do 14º salários será apenas pelos próximos dois anos e para quem recebe mais de mil euros. Quem recebe menos do que esse valor ficará sem um dos dois salários.
O Partido Socialista português, principal nome da oposição, disse que esperaria para ver o conjunto do orçamento antes de fazer comentários. O líder do partido disse que a probabilidade de votar contra as medidas era inferior a 0,5%.
Jair Rattner
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