do Jornal do Commercio
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O radialista e apresentador de TV Luciano Leitão Pedrosa, 46 anos, foi executado com um tiro à queima-roupa na cabeça, por volta das 21h do sábado, dentro de um restaurante em Vitória de Santo Antão, na Zona da Mata de Pernambuco. Um desconhecido entrou na Churrascaria Porto Luna, onde o radialista havia ido buscar uma quentinha, e disparou três vezes contra a vítima. Luciano estava de costas e as duas primeiras balas falharam. Na terceira tentativa, o pistoleiro conseguiu atingir o alvo. O assassino correu até a esquina, onde um cúmplice o aguardava e ambos escaparam em uma moto.
Segundo Paulo Rodrigues, dono do restaurante, o criminoso já chegou atirando sem dar qualquer possibilidade de defesa a Luciano Pedrosa. De acordo com a delegada de Vitória de Santo Antão, Maria Betânia Tavares, nenhuma hipótese para o crime pode ser descartada no momento, mas o radialista vinha sendo constantemente ameaçado por sua postura crítica tanto contra criminosos, quanto em relação às autoridades municipais. Luciano Pedrosa apresentava o programa Ação e Cidadania, na TV Vitória, retransmissora da TV Brasil no município. No momento da ação estavam na churrascaria apenas o proprietário e três funcionários. O restaurante possui câmeras, mas não tem sistema de gravação das imagens.
“Luciano já havia comentado comigo a respeito das ameaças anônimas, mas nunca quis formalizar um boletim de ocorrência sobre isso. Ele falava que não se intimidava com essas ligações e que continuaria com a mesma linha de trabalho. Não podemos descartar qualquer possibilidade, mas a hipótese de execução é a mais forte”, explicou a delegada.
Maria Betânia Tavares solicitou à Guarda Municipal de Vitória de Santo Antão as imagens das câmeras da cidade no período das 20h30 às 21h30 do sábado.
Luciano Pedrosa saiu de casa na noite de sábado para comprar comida. Ele passou pelo Centro de Vitória e chegou a parar alguns minutos para conversar com um taxista conhecido. Depois telefonou para um colega de trabalho e seguiu para o restaurante, onde foi morto.
Na casa do radialista, o clima era de comoção. Luciano deixou uma filha de um primeiro casamento. Ele não teve filhos com a segunda esposa, Luciene Félix da Silva. “Pra gente, ele nunca passou que estava sendo ameaçado. Ontem (sábado) era mais um dia normal, como qualquer outro”, afirmou a sogra da vítima, Maria José Pimentel.
O secretário de Defesa do Cidadão de Vitória de Santo Antão, Décio Canuto, informou que todas as solicitações da polícia estão sendo atendidas. “Estamos colaborando para que a polícia solucione o caso o mais rápido possível”, atestou o secretário.
O sepultamento do radialista está marcado para a manhã de hoje, no Cemitério São Sebastião, no Centro de Vitória.
Na noite de ontem, a delegada municipal informou que o retrato falado elaborado com base em informações repassadas pelo dono do restaurante precisará ser refeito. “Depois que ele próprio viu a imagem finalizada falou que não estava parecida com o atirador. A testemunha ainda estava muito traumatizada com o crime e não conseguiu fazer uma reprodução mais fiel”. Uma nova tentativa de montar o retrato deverá ser feita ainda hoje.
(Jornal do Commercio).
ENTREVISTA JOTA SANTOS
“Estou 99% decidido a abandonar a profissão”
Colega de trabalho da vítima, o radialista Jota Santos transmitiu ontem o sentimento dos profissionais de imprensa de Vitória. Segundo ele, a morte de Luciano atingiu a todos os comunicadores e é mais uma agressão contra jornalistas no interior do Estado.
JC – Por que mataram Luciano Pedrosa?
JOTA SANTOS – O que eu posso dizer a você é que Luciano era um profissional que fazia o seu trabalho. Era muito crítico e defendia os interesses da população, mas não ia além de sua obrigação como jornalista. É lamentável que ele tenha sido assassinado dessa forma. O que espero sinceramente é que esse não seja mais um crime a ficar impune.
JC – O senhor não tem dúvida de que a morte de Luciano está relacionada com a atividade dele?
JOTA SANTOS – Luciano apresentava um programa policial. Era contundente contra os criminosos, as autoridades que não cumpriam com suas obrigações. Sempre muito crítico. Assim como ele, mataram Jota Cândido, em Carpina, Vanildo Cavalcante, em Pombos, Rivonaldo Vieira, em Bezerros, e Vasconcelos Lima, aqui mesmo em Vitória.
JC – O senhor acredita que esse caso será solucionado?
JOTA SANTOS – Não sei quem mais precisa morrer para algo ser feito. Estou 99% decidido a abandonar a profissão. Tenho filho, pai e mãe que me imploram para que eu deixe esse trabalho. Vou realmente acabar deixando, porque eu não quero ser assassinado.
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