sexta-feira, 8 de abril de 2011

Protesto deixa usuários de planos de saúde sem atendimento

Médicos decidiram suspender o atendimento para reclamar da baixa remuneração paga pelas operadoras de seguros de saúde

Reprodução TV Globo
Pacientes que têm plano de saúde não puderam fazer consulta na rede particular, nesta quinta-feira (07). Os médicos decidiram suspender o atendimento em protesto contra a baixa remuneração paga pelas operadoras de seguros de saúde.
Num prédio no bairro do Pina onde na maioria das salas funcionam consultórios médicos, uma faixa na recepção lembrava o movimento dos médicos.  O ginecologista Diógenes Valença foi um dos médicos que aderiu à paralisação. Ele diz que os planos de saúde pagam valores bem mais baixos por um exame em que ele cobra R$ 120.
 
“Cada dia que passa a remuneração fica menor em relação às despesas dos consultórios. Para o atendimento personalizado que todo cliente precisa, além do tempo necessário e da dedicação que são os honorários, tem o custo operacional do consultório, mas os planos de saúde não têm levado em consideração isso”, afirma o ginecologista.

Na frente de um hospital particular, no Recife, uma faixa igual avisava os pacientes sobre a paralisação. A recepção da cardiologia, onde normalmente são atendidas  entre 150 e 200 pessoas, ficou vazia. Todas as consultas foram remarcadas. Somente a emergência, para os casos de otorrinolaringologia e oftalmologia, funcionou.

Numa outra clínica médica, as salas de recepção também ficaram vazias. As atendentes não tiveram muito trabalho. “Tivemos que remarcar todos os pacientes que já estavam agendados. Num dia normal, [a clínica] estaria muito cheia, pois temos um grande fluxo de atendimento e uma grande gama de exames”, conta a supervisora de atendimento Natália Cahú.

O presidente da Comissão Estadual dos Honorários Médicos, Mário Fernando Lins, lembrou que o movimento de hoje é um alerta contra os valores pagos pelas operadoras de plano de saúde.

"Se estabeleceu um brutal desequílibrio na relação econômico-financeira e os médicos estão realmente reagindo a isso. No consultório, o médico desembolsa R$ 23,50 por cada paciente que ele atende. Numa consulta de R$ 25, por exemplo, ele vai ganhar R$ 1,50. Isso realmente é impraticável", explica.

Para a coordenadora da Associação dos Usuários de Planos de Saúde (Aduseps), René Patriota, os pacientes devem apoiar a paralisação dos médicos e cobrar um serviço melhor. “O usuário sem o médico não pode ter atendimento e o médico, sem o paciente, não pode trabalhar. Então é importante que essa relação seja mantida e que o paciente entenda que agora é hora de começar a lutar pelo seu médico Vamos juntos nessa corrida contra o comportamento omisso da Agência Nacional de Saúde e contra o comportamento das empresas que só visam lucro”, diz.

Em nota, o presidente regional da Associação Brasileira das Empresas de Medicina de Grupo, Flávio Wanderley, disse que reconhece os direitos dos médicos, mas ressaltou que as empresas têm que obedecer as determinações da Agência Nacional de Saúde. Ele afirmou também que é livre a negociação de honorários entre as operadoras e os médicos

fonte: pe360graus
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