O Brasil está no último lugar em quantidade de graduados no ensino superior com idade entre 25 e 64 anos, em comparação com outros 35 países. A informação faz parte de um estudo produzido a partir um relatório da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico).
Os números se referem a 2008 e indicam que só 11% dos brasileiros nessa faixa etária têm diploma universitário. Entre os países da OCDE, a média (28%) é mais do que o dobro da brasileira.
O Chile, por exemplo, tem 24% de formados em universidades, e a Rússia tem 54%. O secretário de Ensino Superior do MEC (Ministério da Educação), Luiz Cláudio Costa, disse que já houve uma evolução dessa taxa desde 2008, e destacou que o número anual de formandos triplicou no país na ultima década.
- Como saímos de um patamar muito baixo, a nossa evolução, apesar de ser significativa, ainda está distante da meta que um país como o nosso precisa ter.
Para Costa, esse cenário é fruto de um gargalo que existe entre o ensino médio, equivalente ao segundo grau, e o superior. A inclusão dos jovens na escola cresceu, mas não foi acompanhada pelo aumento de vagas nas universidades, especialmente as públicas.
- Isso [acabar com o gargalo] se faz com ampliação de vagas e nós começamos a acabar com esse funil que existia.
O levantamento dos dados foi feito pelo especialista em análise de dados educacionais Ernesto Faria.
Plano de educação
Costa lembra que o próximo Plano Nacional de Educação define como meta chegar a 33% da população de 18 a 24 anos matriculados no ensino superior até 2020. Segundo ele, esse patamar está, atualmente, próximo de 17%.
Os números da OCDE mostram que, na maioria dos países, é entre os jovens de 25 a 34 anos que se verifica os maiores percentuais de pessoas com formação superior. Na Coreia do Sul, por exemplo, 58% da população nessa faixa etária concluiu pelo menos um curso universitário, enquanto entre os mais velhos, de 55 a 64 anos, esse patamar cai para 12%.
No Brasil, quase não há variação entre as diferentes faixas etárias.
A defasagem em relação outros países é um indicador de que os programas de inclusão terão que ser ampliados. Segundo o secretário do Ministério da Educação, ainda há espaço – e demanda – para esse crescimento. Na última edição do ProUni (Programa Universidade para Todos), por exemplo, 1 milhão de candidatos se inscreveram para disputar as 123 mil bolsas ofertadas.
Elizabeth Balbachevsky, pesquisadora em educação da USP (Universidade de São Paulo) sugere que os critérios de renda para participação no ProUni deveriam ser menos menos limitadores, para incluir outros segmentos da sociedade e assim ampliar a oferta de bolsas e o número de graduados no ensino superior.
- Os dados mostram que vamos ter que ser muito mais ágeis, como estamos sendo, fazer esse movimento com rapidez porque, infelizmente, nós perdemos quase um século de investimento em educação. A história nos mostra que a Europa e outras nações como os Estados Unidos e, mais recentemente, os países asiáticos avançaram porque apostaram decididamente na educação. O Brasil decidiu isso nos últimos anos e agora trabalha para saldar essa dívida.
*Com informações da Agência Brasil
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