quarta-feira, 25 de maio de 2011

Hipotireoidismo: oito dúvidas sobre a doença da tiróide

Ela não tem cura, mas tratamento garante qualidade de vida do paciente


De acordo com os resultados recentes do censo IBGE 2010, as doenças endócrinas, como diabetes, obesidade e disfunções na tireoide respondem pela segunda causa que mais mata mulheres no país (7,8%), atrás apenas das doenças cardiovasculares. A tireoide é uma glândula endócrina que existe para harmonizar o funcionamento do organismo. Localizada no pescoço, é responsável pela produção de dois hormônios o T3 (tri-iodotironina) e o T4 (tiroxina), que estimulam o metabolismo e interferem no desempenho de órgãos como coração e rins, chegando a alterar o ciclo menstrual.

Por toda essa importância, a glândula tireoide precisa estar em perfeita ordem. Quando isso não acontece, o próprio corpo dá o alerta. Os tipos mais comuns de disfunção da tireoide são:

1. hipertireoidismo (liberação de hormônios em excesso, que aceleram muito o metabolismo);

2. hipotireoidismo (a glândula libera o T3 e o T4 em menor quantidade do que o necessário). No segundo caso e mais comum, o hipotireoidismo, os sintomas mais frequentes são desânimo, cansaço, sonolência, pele seca, inchaço dos olhos, lentidão física e mental. A doença costuma atingir vários membros de uma mesma família. Porém, o diagnóstico nem sempre é fácil, pois os sintomas podem ser atribuídos a outras doenças que se manifestam de forma semelhante, como depressão e anemia. A seguir, a endocrinologista Laura Ward, da Unicamp, esclarece oito dúvidas mais comuns sobre o hipotireoidismo. 
Cansaço - Foto: Getty Images
1.Os sintomas podem ser identificados com clareza?
Os sintomas, infelizmente, são pouco específicos e se instalam lentamente, o que pode confundir as pessoas. Além disso, podem atingir vários órgãos, pois a tireoide é importante para regular o funcionamento de alguns sistemas do corpo, como cardiovascular, gástrico e nervoso. São: sentir frio, mesmo quando a temperatura não está baixa; desânimo; falta de interesse de todos os tipos, incluindo interesse para atividades corriqueiras ou prazerosas; lentidão de fala, de pensamento e de batimentos cardíacos; problemas no intestino (constipação, prisão de ventre), lentidão de reflexos; pele ressecada; cabelos e unhas quebradiços.  
2.Por que o hipotireoidismo ocorre mais em mulheres e se manifesta predominantemente a partir de certa idade?
Não se sabe com exatidão por que o distúrbio afeta mais mulheres, mas acredita-se que um dos fatores seja a maior incidência, na fase da menopausa, da doença de Hashimoto ou tireoidite crônica, doença autoimune da tireoide em que o corpo produz anticorpos que atacam a tireoide, fazendo deste distúrbio a principal causa do hipotireoidismo. Durante o climatério, período em que as doenças autoimunes são mais frequentes, é possível que o metabolismo de hormônios, como estrógeno, esteja produzindo fatores desencadeantes para doenças autoimunes, entre as quais a doença de Hashimoto. 
3.Como saber se estou no grupo de risco da doença?
São fatores de risco para o hipotireoidismo: a existência de outras doenças autoimunes (lúpus, artrite reumatoide, vitiligo, diabetes de tipo 1), a presença de bócio (aumento de volume da tireoide) e a existência de doença de tireoide na família. 
Pescoço - Foto: Getty Images
4.Quais exames costumam ser feitos para o diagnóstico? 
Eles devem ser feitos periodicamente? O exame mais comum para identificar os níveis dos hormônios da tireoide chama-se dosagem de TSH sérico. Recomenda-se que todas as pessoas acima de 60 anos realizem uma dosagem de TSH anual e que mulheres, particularmente aquelas que apresentam fatores de risco, dosem o TSH a partir dos 30 anos. Além disso, gestantes também devem realizar o exame periodicamente.  
5.O hipotireoidismo tem cura? 
Não existe uma cura definitiva para a doença, mas o controle pode fazer com que o paciente leve uma vida normal. O tratamento mais comum é feito com reposição hormonal, geralmente com hormônio sintético da tireoide, em geral, na forma de comprimido, que deve ser tomado diariamente pelo resto da vida. Mas vale o alerta: se estiver com falta ou excesso de medicação, podem aparecer os sintomas opostos, de hipertireoidismo. Os mais comuns são: agitação física e mental, insônia, irritação e perda de peso. 
6.Quais são as possíveis consequências mais graves, se não houver tratamento? 
A falta do hormônio tireoidiano pode levar ao coma mixedematoso, que é quando o paciente tem queda da temperatura corporal e ocorre a lentidão de todas as funções do organismo. Isso acarreta uma fragilização do sistema imune, facilitando a instalação de outras doenças, como pneumonia e infecções. O hipotireoidismo também pode afetar de forma importante o coração e os ossos, por isso é importante seguir o tratamento prescrito pelo médico.  
7.O hipotireoidismo provoca aumento de peso?
Existe uma relação complexa entre as doenças da tireoide, o peso corporal e ometabolismo. Os hormônios tireoidianos também regulam o metabolismo, e a taxa metabólica basal também pode diminuir na maioria dos pacientes com hipotireoidismo, devido à baixa nos hormônios. No entanto, esse ganho de peso é menor e menos dramático do que o ocorre nos pacientes com hipertireoidismo.  

8.O que é essencial para controlar o hipotireoidismo?

Se o paciente estiver com a medicação ajustada adequadamente, sua rotina não será muito afetada. A recomendação é a mesma válida para pessoas sem a doença, que é seguir hábitos de vida saudáveis. É fundamental manter uma alimentação equilibrada, rica em vegetais e frutas. Também é essencial praticar exercícios físicos regulares para a manutenção do peso para afastar a obesidade e seus efeitos negativos, como hipertensão, diabetes, aumento do colesterol e problemas cardiorrespiratórios. Não há grandes restrições em relação às atividades físicas, mas antes de começar a se exercitar o paciente deve sempre consultar seu médico.
 

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