Hoje o país não corre nenhum risco de atividade vulcânica, mas em um passado bem distante, há milhões de anos, a história era outra
São impressionantes as imagens de qualquer vulcão em erupção. Nuvens de poeira no ar, material fumegante escorrendo pelo corpo do vulcão e muito barulho. O Etna, na Itália, o Puyehue, no Chile, e o Santa Helena, nos Estados Unidos, são exemplos de vulcões ativos, que entraram em erupção recentemente. Outros países também sofrem com atividades vulcânicas, como Japão, Nova Zelândia, Colômbia e Filipinas. O Brasil, por outro lado, apresenta rochas bem antigas e nos últimos milhões de anos praticamente não teve atividade vulcânica relevante. Vivemos em um país que pode ser considerado protegido desse tipo de catástrofe natural. No entanto, nem sempre foi assim.
Para quem acredita que o Brasil sempre foi um lugar livre da fúria das lavas, saiba que nosso país já foi cenário de um dos maiores vulcanismos continentais do mundo. Há cerca de 134 milhões de anos, através de fissuras no solo, uma grande quantidade de material incandescente vindo do interior do planeta se espalhou por mais de 1 milhão de km2. As lavas cobriram parte das regiões centro-oeste e sudeste e todos os estados da região sul do Brasil, assim como áreas do Paraguai, Uruguai e Argentina. Esse vulcanismo gerou as rochas da Província Magmática Paraná e todo esse material se solidificou principalmente na forma de basalto.
Evidências desse vulcanismo também podem ser observadas no continente africano, já que na época em que ocorreu esse evento a América do Sul e a África estavam unidas fazendo parte do supercontinente Pangea. No Brasil, uma das melhores exposições desse vulcanismo está na cidade de Torres (RS), onde o registro da sobreposição de derrames de basalto chega a 1km de espessura. Não tão volumoso, mas impressionante devido à sua preservação, foi o Evento Magmático Uatumã, que ocorreu na região amazônica, nos estados do Amazonas, Pará, Roraima e Mato Grosso, além de Venezuela e Suriname. Nesse evento há registros de rochas que têm preservadas suas características vulcânicas originais de cerca de 1,90 bilhões de anos. As rochas desse evento preservam sua composição original, feições de solidificação de seus magmas, assim como indicativos do modo de ocorrência de suas lavas. Isso é surpreendente, pois características tão antigas assim geralmente não são preservadas, pois ao longo do tempo são erodidas (erosão) ou sofrem processos que as transformam em outros tipos de rochas. É como fazer um castelo de areia na praia e ele não se alterar durante meses, mesmo com a ação do vento, da chuva e das ondas do mar.
As manifestações vulcânicas mais recentes registradas no território brasileiro ocorreram nas ilhas oceânicas de Trindade e Fernando de Noronha. Ambas as ilhas foram formadas há menos de 12 milhões de anos atrás.
Vivian Azor de Freitas
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