Ao contrário do que ocorreu na cidade de São Paulo, com graves distúrbios entre manifestantes da marcha pela Maconha e a polícia militar, a Marcha da Maconha do Recife, em sua quarta versão, acabou agora há pouco, no Marco Zero, em clima de muita paz e alegria. Sem incidentes.
No começo da tarde, parecia que a marcha deste ano não ia decolar. Por volta das 15:30 horas uns poucos manifestantes tinham comparecido aos bares da Rua da Moeda, no Recife Antigo. No entanto, aos poucos, uma massa de cerca de mil e poucas pessoas já estava percorrendo ruas e pontes no entorno da ilha do Recife, para defender a liberação do consumo no país.
A PM pintou no pedaço, mas não se registrou truculência alguma. Ao contrário. Sobrou cortesia e educação. De ambas as partes.
A guarnição da PM que deu plantão no local chegou a receber uma salva de palmas, enquanto apupos eram dirigidos à PM de São Paulo.
Antes de os militantes tomarem a estrada, o major Antônio da Silva Filho, comandante do 16º Batalhão, fez questão de dirigir-se aos organizares e lembrar que os manifestantes não poderiam fumar durante o ato. “Se for contrário ao que diz a lei, a gente vai atuar. Vamos acompanhar todo o percurso, dentro da legalidade, para não ter incidentes”, avisou. No ano passado, um limitante chegou a ser preso, por acender um baseado em público. “Nos estamos aqui para fazer as pessoas se comportarem de uma maneira melhor”, explicou.
Bem humorado, o jornalista Neco Tabosa sugeriu que a PM desse atenção aos evangélicos. “Cuidado com aqueles caras lá”, recomendou, arrancando gargalhadas dos colegas ao sugerir que seriam perigosos para a sociedade.
Por quê?
“Eles estão com muita raiva. Neste sábado, foi o dia do arrebatamento e eles não foram levados deste mundo. O curioso é que marcaram a marcha deles para este domingo, um dia depois do dia do arrebatamento. Vai ver a ficha deles não tava muito boa para serem arrebatados (por Deus)”, ironizou.
As críticas dos militantes da causa eram endereçadas aos políticos do PSB e PSC, que entraram nesta semana que passou com ações no MPPE pedindo a suspensão do evento. “Eles são só quatro. Em três dias, levamos ao MPPE 364 assinaturas, além do aval do deputado Luciano Siqueira, que também assinou o manifesto”, ironizou Neco Barbosa, um dos organizadores do evento.
Som
A marcha começou de fato quando chegou um carro de som fornecido com a ajuda do vereador Osmar Ricardo, do PT.
De acordo com os próprios organizadores, a marcha deste ano teve menos gente do que o evento do ano passado, mas ninguém tinha uma explicação razoável para a suposta demobilização. Em sua terceira versão, cerca de 2 mil pessoas participaram do eento. Também teve mais produção, também, com um cigarro tamanho de um bonde na comissão de frente.
“Cara, pode ter menos gente, mas você acha que tem menos maconheiro no Recife?”, questionou o militante Jonathas Ferreira.
Também não se viu nenhum político ou autoridade por lá. No ano passado, Zé da Flauta, ligado à secretaria de Cultura do Recife, estava presente. Entre as presenças ilustres, o professor universitário, cineasta e escritor Alexandre Figueiroa.
.“Isto aqui é o paraíso da liberdade de expressão”, exultava.
Sob escolta de um carro da CTTU, os militantes gritaram várias palavras de ordem. A primeira era Oia, Oia, maconheiro (aqui) é bóia (tem de montão, sobrando).
“A proibição causa mais danos do que a liberação”, defendeu o historiador Gilberto Lucena, da ONG Se Liga.
Na foto de João Carlos Mazella, o ícone Bob Marley não poderia faltar
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